segunda-feira, 31 de maio de 2010

James Joyce, Finnegans Wake e a palavra-valise

The Finnegan da velha canção de "Vaudeville" (americana/irlandesa) é um pedreiro irlandês que se embriaga, cai de uma escada, e aparentemente morre. Os amigos promovem um velório em torno de seu caixão; durante as festividades alguém o respinga de uísque, com o que Finnegan desperta de novo para a vida e toma parte na dança generalizada.

No fundamento desta cançção-burlesca Joyce assenta o título de sua obra Finnegans Wake e o identifica a muitos outros heróis. E é porque Finn volta de novo (Finn-again) - e em outras palavras pela reaparição do herói - que a força e a esperança são devolvidas à humanidade.

James Joyce associa a queda de Finnegan à de Humpty Dumpty, e a registra à uma imensa palavra polilingue, contruídas com cem letras que sonoramente simboliza a voz do trovão:
babadalgharaghtakamminaronnbronntornnerrontuonnthunntrovahhhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!

James Joyce, em sua obra, também se utiliza das palavras-valises, que Lewis Carroll inaugurou com Humpty Dumpty. Em Finnegans Wake sobretudo, Joyce extrapola todas as poddibilidades de combinação de palavras. Confira alguns trechos:

A Pobre Isa está sentada tão sentida sentilando, etincelas uma aura descolorida colibrisa nenhum solriso fere sua auréola.

... A minha fada preferida, dormindo de camissola na sua dulcâmara sob docel demassasco, açucarcândida... Isobel, ela é tão bela, palavra d'olor, olhos colírios e madeixas primarosas, caladamente, abrolhos fechados em malvas de musgo e dafnedálias...

Fragmentos extraídos da obra Panaroma de Finnegans Wake, de Augusto e Haroldo de Campos - (1962).

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